A Depressão



" A Alma resiste mais às mais tenebrosas dores do que à depressão prolongada"

Anónimo


A minha história...

 

 

Março 2009

Tudo começou na gravidez da Contança, a minha filha mais nova... O cansaço acumulado de uma especialidade em pediatria, a relação instável com os meus pais, a relação com o meu marido abalada pela minha ausência em casa, o pior Natal de sempre em 2008. Nada que me levasse ao fundo!

Sempre fui uma mulher corajosa, trabalhadora, humilde e sincera...Nas minhas atitudes sempre pensei mais nos outros, ao contrário das pessoas de quem eu gostava que não pensavam duas vezes antes de me magoarem. Foram-se  criando e acumulando "mossas" latentes na minha alma.

Fiquei muito feliz com a gravidez, estava nos meus planos que a Carlota tivesse um irmão. Devido às alterações hormonais caracteristicas, deprimi. Imediatamente fui encaminhada para a Psiquiatria e iniciei medicação. Fui rigorosamente seguida, uma vez que estava grávida e pretendia amamentar...Amamentei 2 meses até a minha querida avó falecer inexplicavelmente!!

Melhorei... A doença ficou latente à espera da mínima fraqueza...

Segui a minha vida! Sentia-me bem, mas não totalmente feliz. Não sei porque?? Um marido maravilhoso, 2 filhas lindas, uma vida profissional como sempre sonhei...

 

Janeiro 2010

No ano de 2010 muitas coisas aconteceram: A Constança com febres semanalmente sem razão aparente. Bronquiolite, atrás de bronquiolite até um internamento por infecção grave a 1 de Junho...Mas caminhei... Afinal à situações piores, e pessoas com maior sofrimento que o meu!

Nessa altura começaram problemas com os meus pais: desemprego, dívidas, divórcio, penhoras, situações estas que me perturbaram profundamente... Diziam-me "afasta-te", "isso é problema deles", mas impossível de o fazer. Como filha unica, muito ligada aos meus pais, e comantecedentes de viver com uma mãe deprimida desde os 17 anos, era impossível desprezar a situação.

Sofria pelas minhas filhas, uma vez que não tinham avós paternos e agora com avós maternos afastados. Mas continuei a caminhar, afinal era uma situação que tinha de aceitar...Mas esta caminhada estava a tornar-se mais lenta e oscilante!

 

Janeiro 2011

A Constança continuava doente, eu com atestados atrás de atestados. A minha mãe era a única que me ajudava com as meninas mas muito dependente de mim...O meu pai desempregado, e a cometer erros atrás de erros, deixando um grande fardo nas nossas costas. O meu marido cansado de me ver sofrer e a afastar-se! Continuei a caminhar mas já sem destino ou direcção!

Não andava bem, constantemente cansada e mente cansada não pensa e já não sabia qual o caminho...Esquecia-me de tudo e comecei a falhar! Faltei às consultas,deixei de fazer a medicação. Pensava que havia pessoas em piores situações, com sofrimento maior, com doenças complicadas.


 12 Maio 2011

 Fiz uma pausa, sentia-me extremamente cansada e asteniada. Não conseguia fazer as actividades diárias de que estava habituada: Ir por as minhas filhas à escola, compras, coisas de casa. Só me sentia bem só, num cantinho, e que ninguém se lembrasse de mim...

"Mas porquê sentir-me assim, se há pessoas em piores situações???"

"Tenho de ter força, pelas minhas filhas e marido, afinal de contas a depressão é para os fracos??"

"Sou uma fraca e culpada por estar a sentir-me tão mal!!"

 

22 Maio 2011

Estes pensamentos assombraram me a cada minuto dos meus dias. Recomecei a trabalhar, tinha de conseguir... Os primeiros 3 dias aguentei-me bem. Até que um dia cheguei ao trabalho e não conseguia lembrar-me onde deixara as minhas filhas. Comecei a andar sem rumo, conduzia para um destino completamente diferente. Chorava...O que é isto??? Bloqueei, ao minimo stress não conseguia pensar... e à segunda feira a situação piorou: não conseguia escrever, esqueci-me das letras. Manualmente não conseguia fazer as letras, como se tivesse desaprendido...A computador não conseguia destingui-las... O que é isto??!!

 

23 Maio 2011

 

Não consegui levantar me para ir trabalhar..Ou melhor, esqueci-me de ir trabalhar. Chorei, chorei, chorei, gritei, pedi ajuda. Não conseguia sequer despachar as meninas! O meu corpo não tinha força, a minha mente estava bloqueada, sentia um buraco no peito capaz de me esmagar, uma angustia insuportável. 

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